... e lá estava você.

^{por: Raoh}

"Era uma tarde tediosa de domingo, provavelmente inverno. O frio invadia todo o interior das minhas roupas a ponto de ser incômodo, mas eu adorava aquela sensação. Aquele vento gelado arranhando meu rosto, não sabia se me perturbava ou aumentava ainda mais a minha excitação diante daquela que era a estação do ano que eu mais amava. Estava andando apressado pelas ruas que cortam a Avenida Paulista, até chegar na Alameda Santos e sentir uma súbita vontade de um macchiato do Starbucks. Muita, muita baunilha. Era o que eu precisava.
Chegando lá, tirei meu trench coat. O ambiente era quente demais pra ele, portanto, fiquei só com minha sweater listrada em roxo e azul-marinho, com a camisa social por baixo, o que já estava me deixando praticamente ofegante. O cabelo, completamente bagunçado por causa do vento e as bochechas quase que coradas -- se não fosse aquele meu "bronzeado de caixa de papelão" estragando tudo, aw -- por causa de meus passos, sempre muito apressados, deixavam-me com o que eu chamo de "a aparência perfeita". São difíceis os dias em que me sinto totalmente feliz com minha aparência, porém dias de inverno sempre elevam minha auto-estima.
E lá estava eu, "encantadoramente" bagunçado e desajeitado, esperando apenas os olhares de certos habitués do ambiente. "Ele poderia estar aqui" -- pensei. "Ele" é alguém com quem ando delicadamente flertando, ultimamente, de maneira tão sutil que talvez ele mesmo não perceba. Isso se não tiver a mesma malícia contida nas sutilezas do que eu, claro. Mas, pelo contrário, me deparei com outra pessoa. Meu ex se encontrava 2 mesas à minha frente.
Quando o vi, ele estava encarando-me, e então retribuí, olhando-o nos olhos. O mesmo continuou, então dei o meu sorrisinho sarcástico e ao mesmo tempo agradável, aquele de lado, apenas com metade da boca, a ponto de expor minhas covinhas nas bochechas -- que ele tanto elogiava e fazia questão de morder, sempre que me via -- e em seguida, a atendente chamou meu nome. Fui buscar meu macchiato, e quando olhei novamente, lá estava ele, sentado, com aquele que parecia ser seu novo namorado ao seu lado. Por incrível que pareça, não senti nada. Nem ciúmes, nem raiva, nem alegria. Nada. Os cumprimentei com a cabeça, coloquei de volta meu trench coat e me dirigi até a porta, mas antes, olhei novamente diretamente em seus olhos e sorri em forma de aprovação. Estava feliz por não tê-lo machucado demais ao ponto de não querer mais sentir o quão incrível é ter o coração batendo por outra pessoa.
Ele deve ter pensado que morri de ciúmes, aposto! Porém posso afirmar que aquele friozinho, a lembrança "dele" -- o outro garoto -- e o meu macchiato eram capazes de me trazer um prazer imediato muito maior do que ele pôde me proporcionar durante todo nosso namoro, então, me dei por mais do que satisfeito."

Bem, este foi meu sonho da noite passada, embalado ao som de Don't Know Why, da Norah Jones. Pra quem ainda não conhece a música -- acho impossível, mas né? Vai saber --, dá uma fuçada no youtube, pois vale a pena. Tem super cara de trilha sonora de domingos frios... e românticos.
Eu queria MUITO que isso tivesse acontecido de verdade, exatamente assim. Apesar de ter visto meu ex no sonho, ainda me sinto tão bem ao lembrar. Até a presença dele foi agradável pra mim. Agora, a única coisa que não sai da minha cabeça é: será que eu terei meu domingo frio e romântico em breve?

Ah! Para os Yukis de plantão, meu sonho está aberto à interpretações, ok? haha