domingo, 31 de janeiro de 2010

1º Ato - Começar tudo de novo


por: raoh

Hello, strangers. Considerem este post como uma das páginas do meu "diário particular", pois o que vou fazer agora diante de vocês é um desabafo dos mais dolorosos, porém necessários.

Amanhã, pela manhã, irei mudar completamente o rumo da minha vida. Uma nova cidade, um novo emprego, uma nova casa. Porém, vou com o meu coração dilacerado por dentro; completamente contra minha vontade.
Sempre tive muita, muita vontade em ir morar em São Paulo, e isso não é segredo pra ninguém. Porém, terei de passar por algumas "provações", se quiser realmente ficar por lá. Irei passar um tempo morando na casa da minha irmã, até as coisas do meu apartamento ficarem prontas, porque sim, irei morar sozinho. Lugar este, aliás, que é muito bom, até, porém isolado de tudo e todos. Mais um agravante para que eu me sinta sozinho. Apesar da comparação clichê, vou me sentir a Rapunzel trancada na torre, quase que literalmente.

Acho que pela primeira vez em muito, muito tempo, estou me sentindo apavorado. A última vez que senti essa sensação horrorosa dentro de mim, era quando eu tinha uns 13, 14 anos, e estava estudando. Odiava a escola e cheguei a entrar em depressão pelo fato das crianças serem sempre muito hostis comigo. Agora, terei de encarar a pior de todas as hostilidades: a da minha irmã.
Mas eu não a culpo, por um todo. Ela sofre de distúrbios bipolares, e eu sempre dou o azar de estar por perto durante suas crises. O pior de tudo é que ela não admite estar doente -- porque sim, isto É uma doença --, por isso nunca foi se tratar. O fato é que sou muito compreensivo, mas não consigo lidar com isso. Tenho uma paciência enorme, mas ao invés de simplesmente "estourar" com ela e revidar tudo que a mesma me diz, eu não consigo fazer muita coisa a não ser ficar calado, ouvir e digerir as barbaridades que muitas vezes ouço. E isso é realmente um acontecimento muito raro, porque quem me conhece sabe que a última coisa que consigo fazer numa situação de discussão é ficar calado a este ponto.

Aliás, falando em discussão... pra piorar tudo, ontem eu já estava mal e ainda briguei com uma pessoa que gosto muito. Acho uma bosta brigar com qualquer pessoa, mas quando elas são realmente importantes pra mim, isso me deixa mal a pontos extremos. Mas enfim, certas coisas não dão pra serem simplesmente esquecidas, muito menos toleradas, porém no final das contas, foi melhor assim. Ao menos, eu acho, pois deu pra eu desabafar parte de outros problemas menores que tinha.

Bem, mas no meio de tantos problemas, vou fazer o possível para enxergar o lado positivo das coisas. Vai ser um caminho árduo e extremamente doloroso pra mim, mas creio que seja importante para o meu amadurecimento. Engraçado que eu estou agora com a oportunidade que muitos -- inclusive, eu mesmo -- sempre quiseram: ter um bom emprego, um excelente salário, um apartamento numa localização nobre da cidade e liberdade de ir e vir. Mas juro por Deus que estaria realmente muito mais grato se, mesmo que não tivesse nada disso, tivesse uma família estruturada e menos problemática, que estivesse ali pra mim não apenas quando eu estivesse à beira da morte mais uma vez (assunto para outro post chato de desabafo futuro detected), mas sim nos momentos em que eu apenas estivesse me sentindo... mal. Acho que esse é o verdadeiro "castigo" que tenho, como estava falando com uma grande amiga minha, certa vez. Ela vive me dizendo "fico pasma como TUDO conspira ao seu favor, como as coisas que você quer simplesmente vêm fácil pra você!", mas não é bem assim. Por isso utilizei o termo "castigo". Tenho praticamente tudo o que quero, sim. Algumas dessas coisas não obtive com esforço algum, sequer. Porém todas, TODAS elas juntas... nenhuma me satisfaria tanto quanto poder ver minha família unida, sem o clima de 3ª Guerra Mundial que se assola justamente sobre a minha cabeça, por ser o único imparcial dentre todos eles.

Eu não preciso de dinheiro, mas tenho mais que o suficiente. Não preciso de ninguém me bajulando, mas estou cercado de pessoas assim. Talvez não precise do amor de terceiros com tanta gana quanto as demais pessoas precisam, porém, mesmo assim, há pessoas que, não sei como, me amam de verdade, e assim, eu as amo, também. Mas agora, e a minha família? ISSO é o que eu não tenho, e sei que, se um dia tiver de verdade, eu já não estarei aqui para presenciar isso. Porém, com tudo isto, eu tiro de lição que se a minha família não é nem um pouco aquilo que eu almejava, eu ainda posso mudar parte disso, construindo, um dia, quem sabe, a minha própria família. Mas não tão cedo. Agora eu vou cuidar delas (minha mãe, minha sobrinha, o futuro sobrinho ou sobrinha que virá e claro, a minha irmã), porque precisam no momento muito mais de mim, do que o contrário.

[...]

É, acho que enquanto eu escrevia este post, tomei real noção do que é ser "o Homem da família". Acabei de saber que agora, mais do que nunca, minha irmã precisa de mim. E mais uma vez, ouço a minha amiga dizendo "fico pasma como tudo conspira ao seu favor". Realmente, conspiram assustadoramente ao meu favor, mas o preço que eu pago por isso é doloroso demais pra suportar, algumas vezes.

Bem, agora chega de desabafo. a quem leu até o final, o tio Raoh vai dar mais uma balinha, ok? :) E só pra finalizar, eu gosto muito, muito mesmo de vocês, meninos. São vocês que muitas vezes já seguraram minha onda em momentos em que precisei, portanto saibam que eu também estou aqui pra vocês, para o que precisarem, certo?

E quanto a uma pessoa em especial que sabe que estou falando dela agora... o que eu disse aí em cima também vale pra você. E sabe que, não importa o que você faça pra mim, eu irei perdoá-lo, porque sei que, no fundo, não faz por mal. Apenas se atrapalha na hora de se defender daqueles que realmente podem prejudicá-lo.
Você sabe que eu te amo, e da mesma forma que você a mim. e é só por isso que te desculpo.

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p.s.: desejem-me sorte, meninos. Agora vou tomar um banho bem quente, me arrumar, passar horas no espelho vendo as pequenas transformações corpóreas que meus dias sem me alimentar de carboidratos e açúcares fizeram e dormirei. Amanhã é um novo dia, não? e mais uma vez, me perdoem. SEMPRE escrevo demais.

3 comentários:

  1. legal, eu tive um pessimo fim de semana, tava super triste, quase chorando ja com td q tem acontecido...

    dai venho ler esse post...

    ok, now I'm crying...

    se for de alguma utilidade, estou em sp aos fins de semana e com planos de voltar a morar em sp em alguns meses... posso te visitar de vez em quando se quiser, e te ensino a andar de onibus na cidade se quiser >.<

    axo que é o maximo q posso fazer por vc...

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  2. Ahn, acho que o máximo que eu posso fazer agora é desejar boa sorte com a mudança e com tudo mais. Espero que consiga se adaptar logo - como se o sr. camaleão não fosse capaz de se adaptar - e que não se esqueça que você NUNCA está sozinho.

    Quanto à discussão com o amigo, espero que as coisas se resolvam da melhor maneira possível e que o problema possa ser superado.

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